Dizer que Bohemian Rapsody foi um dos melhores filmes que já vi ainda não faria jus à forma como a obra mexeu comigo. Confesso que a minha primeira lembrança do Queen foi em um DVD de flashback que minha mãe ouvia. Na época eu achava a música muito chata, as performances do Freddie teatrais demais e os clipes muito sombrios. Resumindo: minha adolescência não me permitia apreciar a qualidade musical do Queen. Anos depois, quando me casei, fui me aprofundando, por influência do meu marido, em bandas antes esquecidas. Mas foi quando eu descobri que a música "Love of my Life", que eu amava, era do Freddie, que eu realmente me dediquei a degustar as musicas da banda.
E foi munida de admiração que fui assistir ao filme "Bohemian Rapsody" ontem.
Quero destacar alguns pontos a respeito do filme. O primeiro deles é com relação à atuação do Rami Malek como Freddie Mercury. O cara foi simplesmente sensacional! Ele conseguiu traduzir em sua atuação o que eu imagino que era a real essência do cantor e durante todo o filme é impossÃvel não se emocionar com a proximidade que a atuação te faz ter com o artista. A inocência no olhar, a mente visionária - muito além do seu tempo - , o grande coração e a criatividade em cada detalhe da composição de suas músicas, tudo isso foi muito bem exposto e ressaltado por Rami ao capturar e transmitir a imagem de Mercury durante o filme.
Apesar de não ser um filme majoritariamente focado na banda mas sim no Freddie, as pinceladas a respeito da formação e da interação que os integrantes tinham foi outro ponto interessante. A despeito da maior parte das bandas de rock, o Queen aparentemente não viveu o drama do fim, muitas vezes causado pelo destaque de um membro especÃfico ou brigas.. pelo contrário. A banda se manteve - e se mantém - unida, independente do foco ter sido maior ao vocalista.
Por último, mas não menos importante, o filme te ambienta em uma época onde a homossexualidade e a AIDS tinham destaque nos jornais e andavam praticamente de mãos dadas. Nesse quesito a obra deixa uma importante reflexão sobre a fragilidade da vida e como ninguém está imune a nada, seja você um cidadão comum ou um astro do rock. Nesse ponto vale o destaque à maneira como foi retratada a resiliência e o otimismo de Freddie diante da doença, mesmo sabendo que seu tempo estava contado. O sentimento é ambÃguo na cena em que Mercury conta pra banda que pegou a doença: por um lado você fica triste junto com o cantor. É como se você sentisse, junto com ele, que a vida está com os dias contados e esse sentimento ser passado através de um filme foi uma sacada genial. Por outro lado você percebe a força em Freddie e a vontade de fazer do tempo de vida o mais intenso e incrÃvel possÃvel e isso é revigorantemente motivador.
Como eu já disse, foi um dos melhores flmes que já vi. Como expectadora, me senti próxima a Mercury. A obra te faz sentir as mesmas emoções do protagonista e te permite ter uma visão mais humana por trás do artista. Durante as mais de duas horas de duração, o longa te faz ficar com o fôlego preso do inÃcio ao fim. É inacreditável por que eu jamais pensei que uma semi biografia de um astro do rock pudesse arrancar tantas lágrimas de mim.
Recomendo muitÃssimo e acho que todos deveriam assistir, sejam fãs da banda ou não. Não é apenas uma biografia, é uma lição de vida. Não é somente uma reverência a um dos maiores astros do rock da história; é também uma reverência à vida, à esperança, à arte, à música, à luta.. coisas que não importa o tempo, nunca são velhas demais para serem lembradas e exaltadas.